Expo Milano 2015

Foto Jorge Sabino

Um encontro planetário que une comida e humanidade

As Feiras Universais sempre buscaram aproximar os povos e iniciar intercâmbios planetários. A primeira Feira Universal aconteceu em Londres no ano de 1851.

Em 1906, a cidade de Milão realiza a sua Feira Universal, com o tema “Transporte”; e, agora em 2015, Milão tem a sua segunda Feira Universal, e traz um dos temas mais significativos do século XXI que é “Comida e Alimentação”.

A comunicação globalizada promove uma identidade mundial no nosso século, e isto faz com que a Feira de Milão 2015, Expo Milano, seja ainda mais importante, pois possibilita, além das interações virtuais, contatos diretos que aproximam o público às representações reais, materiais e simbólicas sobre o seu tema dominante, comida e humanidade; e tudo isto é muito emocionante.

A Expo Milano, com o título: “Alimentar o planeta, energia para a vida”, tem a missão histórica de mostrar a comida não apenas nas suas dimensões nutricionais, mas especialmente simbólicas, e também sensíveis às descobertas próprias de cada cultura e de cada povo. É um lugar para se pensar a comida, a produção de alimentos, as tendências de consumo, os significados dos alimentos no mundo, e também para se pensar a fome.

Iniciada em 01 de maio de 2015, e permanecendo até 31 de outubro deste ano, a Expo Milano ocupa uma área de 220 hectares, sendo 110 hectares de área construída. Este evento quer trazer cerca de 20 milhões de visitantes para um verdadeiro encontro planetário por meio de um elo fundamental, e comum a todas as pessoas, que é a comida.

Nada é mais próximo ao ser humano do que o desejo e a necessidade de comer e representar o ato de comer.  É a interação ideológica da comida com a história e com a civilização.

Certamente, por tudo isto, na Expo Milano há muitas oportunidades para se vivenciar as comidas de povos de diferentes lugares do planeta; como ter acesso ao artesanato tradicional com os seus objetos de cozinha, de mesa, de casa; e de templos; todos integrados ao ato de preparar a comida e ritualmente comê-la. Um verdadeiro exercício de humanidade.

Nos territórios da Expo Milano, com os 145 países ali representados, é possível viver momentos que afirmam o pertencimento às formas de nutrir, de saciar a fome, e de se tornar verdadeiramente singular. Desse modo, a comida, nos seus inúmeros textos simbólicos, é capaz de realizar, afirmar, revelar e localizar, as representações e os papéis de cada pessoa dentro de uma sociedade.

Muitos dos temas apresentados na Expo Milano são próximos e experimentados por todos nós dentro das nossas próprias culturas; e assim há significados especiais para cada comida, e para cada ritual de comensalidade.

Por isso o visitante certamente se sentirá participando das muitas histórias narradas nos pavilhões, nos restaurantes, e durante o convívio com as multidões. São experiências inigualáveis onde se vivencia a comida como um tema que é comum a todos os indivíduos do mundo.  Este é um evento planetário, a Expo Milano 2015 pode ser somente comparada as Olimpíadas e a Copa do Mundo de Futebol.

 

 

A Expo Milano 2015 é uma oportunidade para as pessoas de todas as partes do mundo marcarem seus espaços por meio de diferentes projetos de comunicação expositiva; ora representados por algumas imagens ampliadas, ora por magníficos pavilhões com 4000 ou 5000 m²; ora com recursos multimídia de alta tecnologia. Tudo está sensivelmente integrado às representações tradicionais por meio das próprias comidas. Este é um importante momento para louvar a comida nos seus cenários sociais e econômicos de povos e de civilizações do mundo.

Assim, é emocionante beber o café da Etiópia servido segundo a tradição.  Encharcar-se de Espanha, no seu pavilhão, com um mix de objetos e muitos recursos tecnológicos, imagem e som, que retratam a energia ibérica dos seus ingredientes.

Ainda, no pavilhão ungido de jardins, objetos etnográficos, a marca tradicional do Irã, um lugar onde se vive a antiga Pérsia, com seus conceitos milenares sobre o ato de comer, o sofisticado uso das especiarias, da estética de comer; dos sentimentos que marcam a identidade, a história, e uma longa experiência milenar desta civilização em relação a comida.

O imenso espaço que abriga a Expo Milano leva a uma intensa viagem à diferentes povos e culturas com a possibilidade de comer literalmente o sentimento de cada povo, e experimentar os sabores que trazem a vida de cada lugar.

Com isso, de maneira quase mágica, torna-se possível estar em Angola; e, em seguida, Polônia, Tailândia, Equador, Brasil, China; tudo em apenas alguns passos; e se emocionar com as formas culturais do ato de comer. Comer carne condimentada de Bangladesh; tomar café da Colômbia. É mágico. É poético.

A Expo Milano, em tema e conceito, irradia-se por toda a cidade de Milão, que assim está integrada, e intencionalmente participa por meio de outras exposições monumentais que trazem o eixo “comida” nas suas muitas e diferentes leituras que estão espalhadas pela cidade.

A Trienalle de Milano traz uma grande mostra sobre Arte e Comida. Também nas vitrines do centro histórico da cidade, vê-se o fashion unir-se à comida. E ainda uma mostra memorial no Museo delle Culture de Milano, que localiza a primeira exposição universal que ocorreu na cidade em 1906. Todos estes espaços mantêm um forte diálogo, e tudo se relaciona com a cidade, e com a Itália. Traz-se o mundo pela comida.

E assim, viver Milão neste tempo em que o mundo celebra e olha para a comida nos seus mais variados aspectos de biodiversidade, economia, tradição, cultura; e novas tecnologias; é também um momento para olhar, comover-se, e pensar sobre a fome no mundo.

 

Raul Lody, 10 de agosto de 2015.

BrBdeB

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