Um dos temas mais marcantes que acompanham o boom sobre gastronomia, neste século XXI, concentra-se nos muitos e diferentes entendimentos sobre o que é o turismo gastronômico, que nas suas muitas e diversas formas de manifestar roteiros atingem o mercado do comércio de entretenimento.
Também, concentra-se nesse olhar as possibilidades de trazer diferentes sistemas alimentares, ora tradicionais, ora patrimoniais; ora meramente nutricionais para entender a alimentação no seu sentido básico e fundamental.
As atividades turísticas apresentam diferentes conceitos e objetivos como, por exemplo, o turismo de comunidade, o ecoturismo, o turismo rural; entre tantos outros estilos que, na sua maioria, são voltados para o mercado de turismo.
Diria, o turismo gastronômico é um comércio muito abrangente que traz questões sobre as memórias coletivas das regiões, das civilizações, dos povos e das culturas; traz também sabedorias reunidas das cozinhas, dos muitos processos produtivos na agricultura; da pesca, do artesanato alimentar; entre tantos outros meios de se produzir comida nas suas mais diversas e complexas manifestações e significados.
É importante compreender que, cada comida é uma história; cada comida pode traduzir um entendimento de uma região, de um país, de um grupo étnico; cada comida dá visibilidade aos aspectos eco-culturais, além de agregar aspectos econômicos e sociais.
E assim, todos esses fatores tornam-se potencialmente importantes para serem conhecidos, experimentados, preservados, a partir do âmbito do turismo gastronômico; e certamente com muitas variações de roteiros adequados aos valores do mercado.
Entretanto, há uma tendência marcante de que basta oferecer um prato de comida que representa a idealização da tão falada comida regional, e que toca no complexo entendimento de comida típica, que se considera que já está assim realizada a experiência gastronômica.
Os temas que constroem os imaginários do “típico” tocam em muitas questões idealizadas, na sua maioria limitada a atender ao imediato sentido de consumo, e das estimadas experiências gastronômicas. Assim, viver o lugar por meio da sua comida típica passa a atender também aos fatores econômicos de roteiros turísticos generalistas.
Contudo, ainda nestes contextos, se podermos agregar alguns valores de bases patrimoniais, educacionais, entre outras, que possam formar um entendimento que leve ao conhecimento de novas comidas, de novos sabores; e certamente de novas culturas, nós poderemos ampliar o valor de um verdadeiro conhecimento sobre esta comida e assim muito além dos lugares do típico consagrado.
Há ainda um entendimento crescente de que o turismo gastronômico pode também acontecer apenas pela observação de paisagens; de lugares como feiras, mercados, oficinas de artesanato alimentar; pela observação de técnicas agrícolas, de pastoreio, de pesca.
Porém, observar a feitura de diferentes pratos, ou mesmo participar da feitura de pratos é, então, muito mais amplo o contato com a comida, com o ingrediente, com a técnica de construir uma comida, entre tantas outras maneiras possíveis de demonstrar e de possibilitar interatividade numa experiência turística, diria de viver uma experiência turística gastronômica intensa.
Há outros fatores construtores e determinantes das relações das pessoas com as comidas que buscam ou idealizam, e isto está na crescente valorização midiática da comida, quando a comida ganha um lugar especial de espetáculo. Dessa maneira, é espetacular se relacionar com a comida e agregar a si mesmo um status, também garantir uma forma de exclusividade e de ampliar sua imagem pessoal, ou profissional. E assim se incluir nas muitas e diversas redes de mídias digitais sociais.
Certamente os motivos midiáticos compõem também um entendimento contemporâneo dos roteiros do turismo gastronômico, e faz com que cada comida ou cada experiência seja alimentar fique em destaque no celular.
Bem, todas estas oportunidades ou roteiros de alimentação do turismo gastronômico são crescentes nesta ideia de valorização e de agregar ao valor gastronômico determinados lugares sociais especiais, numa verdadeira notabilização pela comida que nem sempre é experimentada, muitas vezes não apenas pelo prazer da comida, mas pelo que esta comida possa traduzir e marcar nos imaginários contemporâneos da comunicação.
RAUL LODY