Um olhar para além do objeto

40 ANOS DO PROJETO
“ESTUDOS DE COLEÇÕES AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS”
(1982-2022)

Mais de 5.000 objetos estudados, e classificados com os critérios da museologia e da antropologia; além de exposições de longa duração e de curta duração para socializar os acervos, e ampliar os olhares sobre testemunhos tão importantes para o brasileiro.

Ainda, este conjunto de ações documentais, agregam-se 28 publicações que nascem deste rico processo de revelar, interpretar e de tornar público acervos tão marcantes para a nossa a vida cultural.

 

Historiando

Iniciado em janeiro de 1982, pelo então INF da Funarte, o Projeto de Estudos de Coleções Africanas e Afro-brasileiras, coordenado por Raul Lody, teve continuidade no CFCP do IBAC, agora novamente Funarte (1994).

Assim, o projeto vem cumprindo suas finalidades, recuperar informações e documentar acervos referentes à cultura material africana no Brasil, e a processos criativos e de incorporação dessa mesma cultura.

Ainda, reúne e envolve diferentes especialistas, líderes de terreiros, e demais agremiações afro-brasileiras afetas à temática em questão, e busca sempre devolver e retornar os resultados aos polos trabalhados bem como a sociedade em geral.

 

Por uma antropologia de urgência

O Projeto Estudos de Coleções Africanas e Afro-brasileiras, nos seus treze anos de ações, conseguiu trabalhar, pioneiramente, 15 coleções alocadas no: Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro. Nesta ação foi listado, classificado, interpretado e documentado 4.542 objetos.

Os resultados foram socializados em exposições permanentes e temporárias, em publicações de livros e artigos, pela promoção de encontros e de seminários; e intervenções nas áreas da conservação de objetos e da educação patrimonial.

 

Um desafio

O pesquisador de cultura material se defronta geralmente com a falta de informações sobre as coleções etnográficas existentes em acervos de museus, entre outras instituições.

O trabalho normalmente segue diferentes pistas que vão dos formatos, motivos visuais, materiais, cores, texturas, gramatura dos objetos, numa sequência de investigações que traz o faro de verdadeiro detetive do objeto, onde há, aos meios análogos, consultas, etnografias de apoio, retornos frequentes ao campo, informantes.

No caso, um método eficaz é o de desenhar o objeto, detalhá-lo, trazer referências formais e ainda empreender fotografias de estudo. Fotografias úteis para o pesquisador e para consultas de outros pesquisadores e instituições congêneres.

Em muitos casos o pesquisador encontra-se no limiar entre a arqueologia e a etnografia clássica.

 

Um acervo de 28 publicações

LODY, Raul. Coleção arte africana. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1983.
_____. Cultura material dos xangôs e candomblés: em torno da etnografia religiosa do Nordeste. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional do Folclore, 1987.
_____. Coleção culto afro-brasileiro: um documento de candomblé na cidade do Salvador. Salvador: Fundação Cultural do Estado da Bahia; Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional do Folclore, 1985.
_____. Coleção Perseverança: um documento do xangô alagoano. Maceió: Universidade Federal de Alagoas; Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional do Folclore, 1985.
_____. Coleção Arthur Ramos. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional do Folclore; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1987.
_____. Coleção culto afro-brasileiro: um testemunho do xangô pernambucano. Recife: Museu do Estado, 1983.
_____. Coleção afro-brasileira: Museu Theo Brandão. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional do Folclore, 1988.
_____. Pencas de balangandãs da Bahia: um estudo etnográfico das jóias-amuletos: Museu Costa Pinto. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional do Folclore, 1988.
_____. Coleção Fernando Ortiz: introdução à morfologia afro-cubana. Rio de Janeiro: Ed. Do Autor, 1989. (Comunicado aberto; 6).
_____. Coleção etnográfica africana e afro-brasileira. Recife: Fundação Gilberto Freyre, 1990.
_____. Dezoito esculturas antropomorfas de orixás. Acervo do Setor de Etnografia/Etnologia. Departamento de Antropologia, Museu Nacional, UFRJ. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional do Folclore, 1990.
_____. Vinte e um bastões cerimoniais: poder, mando e magia. Museu Nacional, UFRJ. Ri de Janeiro: Ed. Do Autor, 1990.
_____. O interesse científico e a cultura material de fonte africana e afro-brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Do Autor, 1991.
_____. Coleção Perseverança da apreensão policial à formação de uma coleção sobre o negro nas Alagoas. Rio de Janeiro: Ed. Do Autor, 1993. (Comunicado aberto; 14).
_____. Exposição axé África. Coleção Arte Africana do Museu Nacional de Belas Artes. 2. Ed. Curitiba: Governo do Estado Paraná, 1993.
_____. Afinado a fogo: sugestões para uma taxionomia dos instrumentos musicais afro-brasileiros. Rio de Janeiro: Ed. Do Autor, 1993. (Comunicado aberto; 16).
_____. Oxê de Xangô: ferramenta e símbolo na visualidade de um herói-orixá yorubano. Rio de Janeiro, 1988. (Datilografado).
_____. Orixás da santería cubana: acervo Fernando Ortiz. Casa da África, Havana, Cuba. Rio de Janeiro (inédito).
_____. Louças de barro nas coleções afro-brasileiras. Rio de Janeiro, 1990. (Datilografado).
_____. Dez abanos e abebês: emblemas do poder feminino. Coleções do Setor de Etnografia/Etnologia, Museu Nacional, UFRJ. Rio de Janeiro: IBAC, CFCP, 1991.
_____; DIAS, Mariza Guimarães. Fon: os ideogramas-enigmas dos reposteiros do Benin. Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, 1990.
_____. Yorubá: um estudo etno-tecnológico de 50 peças da coleção Arte Africana do MNBA. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1985.
_____. Série de diapositivos – Coleção arte africana – Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro: Sonoviso, 1985. (Contém 20 diapositivos, um folheto).
_____. Senufo: um estudo etno-tecnológico de 16 peças da coleção Arte Africana do MNBA. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1987.
_____. Achanti: um estudo etno-tecnológico de 13 peças da coleção Arte Africana do MNBA. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1988.
LODY, Raul; BATISTA, Maria Regina Martins. Coleção Maracatu Elefante e de objetos afro-brasileiros. Museu do Homem do Nordeste. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional do Folclore; Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1987.
LODY, Raul; FIGUEIREDO, Napoleão; RODRIGUES, Ivelise. A coleção etnográfica africana no Museu Paraense Emílio Goeldi. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 1989.
LODY, Raul; PEREIRA, Wani Fernandes. Introdução ao xangô, umbanda e mestria da jurema. Coleção afro-brasileira. Museu Câmara Cascudo, UFRN. Natal: UFRN, 1994.

 

 

 

 

Na boca do forno

Três novos livros-catálogos encontram-se em diferentes etapas pré-editoriais. O primeiro sobre a coleção particular de Luís da Câmara Cascudo, que reúne mais de 300 objetos, sobretudo conjuntos de peças angolanas. Este trabalho contou com o apoio da Fundação José Augusto, do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e, em especial, do museólogo Hélio Oliveira.
O segundo refere-se ao acervo afro-maranhense, reunindo coleções do Museu Histórico e Artístico, Cafua das Mercês e do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, todos em São Luís do Maranhão, que trata dos terreiros Jeje e Mina Nagô, do Bumba-boi, Tambor de Crioula, e outras expressões de festas e de rituais religiosos. O trabalho contou com especial apoio da museologia Maria das Graças Carvalho Sardinha e dos antropólogos Sérgio Figueiredo Ferretti e Mundicarmo Maria Rocha Ferretti. O terceiro estudo trata da coleção “Fios de Contas”, do acervo do setor de Etnografia e Etnologia do Museu Nacional da UFRJ.

 

É bom agradecer

Principais colaboradores e pesquisadores:
Marisa Guimarães Dias, Maria Helena Fénelon Costa, Fátima Regina Nascimento, Hamilton Malhano (RJ); Thales Azevedo, Célia Aguiar, Mercedes Rosa, Iacy Silva Lima, Rosina Bahia Alice Carvalho dos Santos (BA); Carmem Lúcia Dantas, Celso Brandão (AL); Napoleão Figueiredo, Ivelise Rodrigues (PA); Valdelice Carneiro Girão, Teresina Helena de Alencar Cunha (CE); Marluce Câmara Azevedo, Eva Auxiliadora Salvador Vasconcelos, Maria Regina Martins Batista, Vânia Estevam de Oliveira, Waldemar Valente, Marilene Rubim Gonçalves Dias, Manoel Nascimento Costa, Célia Regina, Fernando Lourenço, Adna Jane (PE); Wani Fernandes Pereira Teixeira, Hélio Oliveira (RN); Maria das Graças Carvalho Sardinha, Sérgio Figueiredo Ferretti, Jandir Silva Gonçalves, Josimar Pereira, Maria do Rosário Carvalho Santos, Mundicarmo Maria Rocha Ferretti, Therezinha de Jesus Marques Martins, Zelinda Machado de Castro e Lima (MA).

Nota:
1. Texto original de 1994, inicialmente publicado pelo autor na sua série “Comunicado Aberto”.
2. Destaque para os utensílios de barro para as cozinhas, importantes registros da cultura material para a comida e para alimentação.

 

RAUL LODY

BrBdeB

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